EDUCAÇÃO!!!

21 março 2011

Você conhece o zè da Huga?

Zé da Huga


"Mas quem é ou quem foi o Zé da Huga? Ora bolas, pois então... Ninguém sabe? Ninguém viu? Ninguém conhece? Pois bem... Lendo o relato das ilustres figuras de Araquém aqui na demo sucupirana tribuna, eis que me veio em tela a lembrança de quase todos eles, em especial do Dr. José Maurício de Aguiar... Era assim que a ele me dirigia, pois sabia que era assim que o mesmo, em seu íntimo, gostava de ser tratado. Brinquei e proseei durante mais de uma década como o tal. Tudo começou quando o vi pela primeira vez na vida. Ainda não tinha dez janeiros nas costas, pivete curioso vi chegar no casarão de meu avó, em uma tarde de sol a pino, montado em seu cavalo, trazendo em seus alforjes os apetrechos 'clínico-cirúrgicos', para cuidar do sorriso de uma tia, que se encontrava com meia banda de boca cheia de dentes careados. De longe, pois criança naquela época não podia se aproximar de adultos trabalhando, muito menos se fosse da área de saúde, observava curioso aqueles procedimentos. Sério, com sua farda branca, mandou 'rorró', a philósofa que assinava o nome nos quinze de novembro de outrora, ferver dois litros de água em uma panela cheia de pinças, alicates, espátulas, aparelhos de aplicar anestesia e agulhas. Meia hora depois, estou de longe novamente a observar o procedimento. Dr. José Maurício de Aguiar senta minha tia em uma cadeira de couro curtido da casa, aplica-lhe algumas doses de anestésicos, passa-se alguns minutos, mexe daqui, mexe para acolá, soqueia para cima, soqueia de lado, e pá... Mostra o primeiro de uma série de três dentes extraídos naquela tarde... Pede uns capuchos de algodão da safra, que todo agricultor que se preza possui em casa faz algumas bolas, soca na boca da paciente, recomenda repouso de umas vinte e quatro horas, recebe seu pagamento, limpa o sangue das tralhas, põe tudo nos alforjes novamente, se despede de todos educadamente como um doutor, monta em seu cavalo e segue viagem, rumo a mais uma tarefa de sua honrada profissão. Pois bem novamente. Fazendo um comparativo com os procedimentos atuais, a cena era patética, para não dizer trágica. Fiquei fã do Zé da Huga, mas decidi que jamais seria um dentista. Já crescido sempre que o encontrava pelas encruzilhadas da vida era certo que perdíamos ou ganhávamos pelo menos meia hora de conversa fiada e relatos de fatos 'verídicos', sua outra especialidade. Para finalizar... - Não! - Não! - Não tivemos que enterrar minha tia no outro dia após o meu primeiro encontro com o Dr. José Maurício, não. Quando o assunto era odontologia, o homem era um perito. A seu modo, mas era... Se bem que seus pacientes também tinham um bom anjo de guarda. Minha tia continua vivinha da silva, apenas mastigando de um lado só... Tenho dito... E sempre!!!"
(Manuel de Jesus)

DO BLOG: Dona Huga, mãe do dentista autodidata de que trata o texto, era irmã do nosso genitor, Aliceu Aguiar. O "Marico Macho", como meu pai o tratava, carinhosamente, deu muito trabalho! O "doutor" aprendeu sua arte no Amazonas. Agradeço, em nome da família, ao nobre colaborador, a homenagem póstuma ao velho primo.

fonte.: coreausiara

Escrito por PROFESSOR JOÃO TELES às 17h42 [ (0) Comente Agora!

Nenhum comentário:

Postar um comentário